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Até onde um museu é valorizado?

  • Foto do escritor: Anhembi Digital
    Anhembi Digital
  • 27 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

A partir de descasos, falta de verba, desvalorização nas concepções de algumas pessoas, museus perdem seu valor

Por Giovanna Dutra, Isabela Cristina, Julia Fermino e Natália de Castro


Com o incêndio que destruiu o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é de se questionar a condição atual dos museus brasileiros, pois nestes estão guardadas e preservadas partes da história e da diversidade do país. No entanto, muitos espaços como este não recebem o devido cuidado, com o risco de destruição de seus acervos, como o episódio do museu da UFRJ, que resultou em 20 milhões de itens queimados no dia 02 de setembro de 2018.

A tragédia já era uma denúncia dos funcionários há muito tempo. Segundo Otávio Balaguer, historiador e mestrando da Universidade de São Paulo (USP), eles vinham trazendo a público que os valores repassados do Governo Federal através da UFRJ para a instituição, não eram suficientes para a manutenção predial e das atividades do museu. "O que nos mostra grande falta de comprometimento da esfera pública com a cultura no país”, destaca.

Segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), oficialmente essas instituições culturais são "permanentes sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, abertas ao público, que adquirem, conservam, investigam, comunicam e expõem o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seus meios envolventes com fins de educação, estudo e deleite”. Assim, torna-se evidente que a aquisição de acervo, conservação e composição de exposições são, raramente, adquiridos com verba proveniente dos próprios museus.

Em decorrência disso, a equipe do JORNAL DIGITAL ANHEMBI MORUMBI apurou dados referente à relação socioeconômica com os museus e a aceitação do público em São Paulo, especificamente, com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), localizado na avenida Paulista.

Contabilizando um acervo de mais de 10 mil obras, o ainda conservado, privado, acessível e sem fins lucrativos MASP é considerado um dos mais visitados da grande São Paulo. Fundado em 1947 por Assis Chateaubriand, é conhecido pela modernidade e inovação da arquiteta Lina Bo Bardi. Segundo o site oficial do museu, tem como missão "estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Para tanto, deve ampliar, preservar, pesquisar e difundir seu acervo, bem como promover o encontro entre públicos e arte por meio de experiências transformadoras e acolhedoras”.


Lina Bo Bardi com obra de Vincent Van Gogh em um dos famosos cavaletes de vidro na construção do MASP em 1968 | Foto por: Lew Parrella

A partir dessas questões, surgem as dúvidas: como os museus conseguem verba para manutenções? É possível que estejam em más condições por puro descaso social?

Assim, a partir de levantamento digital feito em Agosto de 2018, 72,1% das pessoas raramente visitam museus e 18% vão frequentemente. Dessas, 59,8% optam por exposições interativas e apenas 27% por clássicas. O estudante de Museologia Otávio Balaguer explica que isso tem a ver com o mundo hiperconectado em que vivemos, onde as pessoas sentem-se cada vez mais atraídas por realidades virtuais. Além disso, ele aponta que o colonialismo e a escravidão que marcaram a história do país ajudaram a formar uma elite de espectadores de museus que é a minoria da população.

Leonardo Vieira, museólogo e produtor cultural, afirma que as exposições em que são retratados "temas muito conhecidos por parte da população ou então de grandes nomes” também são grandes atrativos. Isso ocorre pois, segundo ele, essas possuem mais publicidade.

Ainda na mesma pesquisa, 95,1% dos entrevistados afirmam que museus são desvalorizados na cultura brasileira, porém mais da metade (65,6%) foi motivada a visitar exposições abrindo espaço para uma ambiguidade de pensamentos.

Os resultados da pesquisa de campo demonstram desvalorização dos conceitos antigos de museus por parte da população, porém é importante lembrar que a ideia de exposições tradicionais vêm convergindo com relações virtuais e tecnológicas e, de maneira alguma, pode ser desvirtuado da cena artística atual.



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