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A Moda das Ruas

  • Foto do escritor: Anhembi Digital
    Anhembi Digital
  • 28 de nov. de 2018
  • 7 min de leitura

O "street style", a influência da moda na sociedade e um pouco sobre a Feira Preta 2018. O que tudo isso têm haver?


Por Talia Sousa; Mayara Oliveira; Fernanda Khaled; Maria Antônia; e Isabela Barreto.


O street style é a moda das ruas, vem das cidades e surge de cada indivíduo, carregando a personalidade de cada um na maneira de se vestir, sem os padrões das marcas e desfiles de moda.

Surge de acordo com manifestações culturais e socais das épocas, que são influenciadas por ideologias e acontecimentos políticos. Muitas vezes, partindo de locais mais marginalizados da sociedade e sendo difundido com a força cultural que a manifestação atinge, transformada em produto para a indústria cultural.

Teve início nas últimas décadas de 1980 e 90. Cada tribo seguia sua própria ideia, como os skatistas, hippies, rappers, punks, rockeiros... As pessoas adeptas a esse estilo podem variar entre várias culturas, mas sempre trazem uma quebra de padrões que contesta o estilo tradicional padronizado. Muitas ideologias, influenciando a forma de pensar das diversas “tribos”, são manifestadas na arte, consequentemente na forma individual de se expressar. Geralmente vindas de minorias, a moda de rua tem um contexto social muito importante.

Todos eles elevaram a moda para outro patamar fazendo acontecer a migração das ruas para as passarelas.

Nos eventos culturais de São Paulo relacionados à moda e outras manifestações artísticas, temos a cultura da periferia muito presente. Como exemplo, a Feira Pret, voltada à cultura Afro Latina, que aconteceu na Praça das Artes, no último feriado da Consciência Negra (20 de novembro de 2018).

• A visão das Marcas

Hoje em dia milhares de marcas são especializadas em moda street. Nesse meio o nome mais relevante é Jeremy Scott, diretor criativo da marca Moschino, que aposta em elementos urbanos para compor looks com um visual moderno e excêntrico. Muitas vezes usa personagens como Bob Esponja, MC Donald's e Barbie criando um estilo divertido.


Kaique Fernandes, 23 anos, um dos fundadores da Ovi Brand, conta como é o meio e o porquê seguir essa linha de estilo: “A Ovi Brad foi fundada em 2018. Traz o slogan ‘Roupas de outro mundo’, com coleções inspiradas em óvnis com roupas em cores neon e estampas marcantes como a linha animal print e Brazilian vibes.


Foto reprodução - Instagram Ovi Brand


- Como surgiu a marca?

- A Marca deu início em Março de 2018 quando o Klebinho (meu sócio) me chamou afim de criarmos uma marca de roupa para vendermos na internet (inicialmente) e que fosse algo diferente, que fugisse um pouco do que é mais comum na moda, ou até mesmo que se tornasse uma nova tendência ao invés de seguirmos alguma já existente. Então criamos o slogan "Clothes From Another World", tendo isso começamos a pensar em como poderiam ser essas "roupas de outro mundo" e entramos num processo de ideias, pesquisas sobre a moda atual e nos encontramos na onda do "HYPE" que é o exagero de alguma coisa, resolvemos aplicar nas nossas peças pensando sempre em seguir essa linha, o exagero no estilo, as roupas deveriam ser um exagero. Desde o básico ao mais exagerado, mas que fossem exageradamente estilosas e improváveis. Então toda essa estratégia de seguimento foi montada em cima do slogan que resume a nossa ideia.


Qual foi a inspiração para o nome da marca?

- Antes da marca de roupas, meu sócio já tinha uma empresa de imagens aéreas (drones) e o nome dessa empresa era "OVI DRONE". Ele fechou a empresa temporariamente e decidiu seguir no ramo da moda no qual já teve envolvimento. Como a ideia desde o início era termos roupas que fossem fora do comum, ou o que denominamos "Clothes From Another World = Roupas de Outro Mundo" decidimos permanecer com o nome Ovi pela referência aos Extras Terrestres e adicionamos o complemento Brand para dar enfase no seguimento "marca".


- Por que o Street Wear?

- Decidimos atingir o público do Street Wear porque nos identificamos com essa galera, somos desse público e percebemos que para a moda há infinitas possibilidades, então partimos disto para começar a pensar em como abastecer esse público com mais novidades dentro de tantas outras marcas que já tem grande relevância para eles. Também por ser uma galera bastante aberta para o que é diferente ou de outro mundo.


1º COLEÇÃO "INVASION" - Quando tínhamos toda a estratégia estruturada fomos atrás de dar vida para o projeto, então criamos numa folha de sulfite o desenho de cada peça que queríamos fazer para a primeira coleção. O resultado foi melhor do que esperávamos, pelo fato de nenhum dos dois ter experiência com criação e desenvolvimento de roupas, não imaginávamos que o resultado seria tão satisfatório. Priorizamos a ideia de lançar roupas exclusivas para que nem todos pudessem ter roupas repetidas e graças a Deus foi um sucesso de vendas.


• A faculdade de Moda, e seu impacto social

A visão de uma estudante de moda, Thais Ferreira, e nos contará em um breve bate-papo sobre como a moda é vista e influência em questões sociais do nosso cotidiano e até mesmo em nossa personalidade. Contando também sobre até onde o tema nos acrescenta e o momento que a indústria da beleza se torna algo opressivo.


Foto Reprodução - Thais Ferreira


- Como você acha que a moda influência na história e na sociedade?

- A moda ela influencia na história como uma cultura que pode ser passada ao longo do tempo ou até mesmo marcada pela sua trajetória, também como uma linguagem e uma questão social.

E a sua influência na sociedade é a de uma tendência de comportamento que se realiza em diversas expressões humanas, com dois conceitos, a ideia de mudança e de coletivo.


- Por que você escolheu cursar moda?

- Eu escolhi cursar moda porque desde pequena eu já gostava muito desse mundo e eu tenho a minha vó como referência, então conforme o tempo passava eu fui me apaixonando cada vez mais. E a partir do momento que pude ter experiências nesse mundo acredito que realmente é algo que eu amo praticar.


- Qual o papel da moda na vida da população e que mensagem ela transmite?

- A moda ela tem o papel de mostrar uma característica ou uma forma de expressão, então a pessoa faz a sua própria moda e ela tenta transmitir essa ideia através do jeito que ela se veste. Além de ser uma cultura coletiva.


- A indústria da beleza tem imposto cada vez mais padrões, como fazer com que a moda contribua para a extinção do preconceito abrangendo e trazendo ainda mais para perto?

- Acredito que a moda tem uma influência muito grande na vida das pessoas e é através da mídia que as mesmas constituem suas conclusões sobre, mas a moda não é totalmente acolhedora de todos os padrões e esse é um dos problemas que temos que mudar. Existe muito preconceito e extinção no mundo da moda, e acredito que a moda deva contribuir nesse sentido, de dar exemplo e mostrar a realidade do seu público, como por exemplo a inclusão de diferentes perfis da nossa sociedade.

Foto Reprodução - Thais Ferreira


- Em sua opinião, qual foi a maior evolução da moda até os dias de hoje?

- A moda sempre teve e tem muitas mudanças, mas uma das mudanças que acho muito importante é o consumo consciente e a sustentabilidade na moda.

Apesar de achar que esse mundo ainda tem muito o que melhorar, e acredito que aos poucos com a consciência das pessoas ele pode sim melhorar muito.


- Em que momento você acha que a moda deixa de ser uma questão de gosto e preferência e passa a ser algo opressivo?

- No meu ponto de vista moda passa a ser opressiva quando quer impor algo que não é significativo.

Como forçar pessoas a usarem o que elas não se sentem bem por uma questão de estética, quando se usa matérias que prejudicam outras áreas e a forma de expressar uma mensagem que não é a realidade.


• A Influência Social

A socióloga Alecilda Oliveira, mestre em estudo de gênero e política pela Universidade Federal de Uberlândia, explica, em entrevista para o blog Jornalismo Especializado, que a moda é um tema importante para discutir, pois faz parte dos componentes da atualidade. “É importante dizer que a moda não é exclusiva do nosso tempo, na construção da nossa civilização sempre houve o percurso da moda, porém ela ocupou um lugar central principalmente no século XIX com a ascensão do capitalismo”.

Ela também relata que nossa relação com as roupas também mudou, antes era somente para proteger o corpo, e hoje transformou-se em expressão da nossa cultura e identidade.

O fato é que a moda influencia gerações e a cada dia vem sendo usada para relevar nossa personalidade, mostrar quem somos, o que queremos e também como forma de protesto. O street nasceu assim, como a liberdade de ser e estar, mesmo ganhando dimensões muito grandes e estando em marcas conceituadas sua "alma" continua a mesma, com a intenção de ser verdadeira e possível para quem quiser aderi-la.

Fomos até a Feira Preta, no Centro de São Paulo, onde conversamos com várias pessoas sobre o tema e o relato de três jovens Felipe, Adriano e Jefferson os mostrou a realidade entre a moda, o street e a sociedade;

“Meu nome é Felipe, tenho 26 anos, moro na zona Sul, sou cobrador de ônibus. Porque eu me visto dessa forma? Primeiro é uma questão de cultura, que eu levo comigo desde criança. Tive referências como tios, parentes, pais, primos, que são mais antigos que eu e aprendi a ser assim por que me inspirei neles. Teve um cara em principal, ele chegou com um opala branco na minha casa, todo listrado, back power, calça boca de sino, e é uma das minha referências, carrego pra todo lugar! Inclusive no meu trabalho, não tem o meu cabelo não tem como fugir, não tem como tirar ele pra trabalhar. Então as pessoas me aceitam dessa forma, tanto pela forma que eu me porto, porque você não tem que ter só roupa, você tem que ter postura, tem que saber carregar e respeitar o estilo das outras pessoas também e eu quero que eles me respeitem então eu consigo isso através do meu dia a dia.”


“ Meu nome é Adriano, tenho 16 anos e sou estudante. A minha referência pro estilo street é o Will Smith (ator) , eu acho muito legal o estilo dele então é minha maior referência, tenho outras também, que é o Felipe (primeiro entrevistado), como ele é meu irmão é minha referência também, e é isso.”


“Me chamo Jefferson, sou autônomo, trabalho como motorista em aplicativo. Eu trago referências que mostram a representatividade a periferia, é o nosso dialeto da periferia, no nosso traje, no nosso conversar, pra mostrar que a gente tem cultura e estilo também, a periferia tem estilo. É um tapa na cara da sociedade.”


Assista o vídeo sobre a Moda Street e a Feira Preta acessando o link


 
 
 

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