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LIXO, LOOKS E LIKES

  • Foto do escritor: Anhembi Digital
    Anhembi Digital
  • 30 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura

Moda sustentável nas redes sociais: poupe tempo, dinheiro e a natureza


Por Amanda Matos, Fabio S. Lu Huaqiang, Helena Maeda, João Vitor Torres



Há tempos a indústria têxtil tem sido repensada quanto ao seu impacto ambiental, causado pela exploração de recursos para a produção de vestuários, e o seu posterior descarte na natureza. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (ABIT), diariamente são descartados inadequadamente cerca de 12 toneladas de resíduos têxteis.


Por segundo, é desperdiçado cerca de 1 caminhão de lixo têxtil no mundo (ABIT)

Apoiados nessa reflexão, produtores e consumidores de moda estão adotando o consumo sustentável como uma forma de preservação. “A moda sustentável visa práticas que minimizem os impactos ambientais na cadeia produtiva têxtil”, explica a Engenheira Ambiental e consultora em sustentabilidade na cadeia de moda, Sofia Coelho.


Um exemplo dessa prática consciente são os brechós populares, lojas independentes que trabalham com a ideia de pós-consumo, ou seja, venda de artigos usados. Dessa forma, peças que seriam descartadas têm sua vida útil prolongada, como aponta a engenheira:

“Comprar peças usadas é uma maneira de renovar seu guarda-roupa com peças que ainda estão boas para uso, sem demandar matéria prima nova”

DAS VITRINES AO FEED

Na era tecnológica, através das plataformas digitais os brechós ganharam um novo impulso. As lojas utilizam-se de sites e redes como Facebook e Instagram para o comércio dos produtos de segunda mão e o espalhamento da ideia, ou, corrente do consumo sustentável.


Observada a oportunidade de renda no ambiente digital, em 2017 o e-commerce movimentou um total de R$ 59,9 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Sendo que aproximadamente 12% corresponde ao setor de roupas e acessórios.


Site oficial da loja Enjoei

O Enjoei é uma empresa brasileira de comércio eletrônico que oferece soluções de consumo colaborativo






A inserção no comércio eletrônico oferece aos empreendedores o baixo custo, visto que o espaço virtual diferente do espaço físico requer poucos gastos. Sofia Coelho entende que a migração do brechó para o mundo digital deu-se pela questão de acessibilidade.


As pessoas repararam que podiam tirar foto de roupas próprias e vendê-las. Dessa forma, as redes tornaram-se um ambiente comercial, percebido a oportunidade de abrir um negócio e fazer dinheiro


Além disso, por se tratar de um canal aberto, é possível atingir simultaneamente diversas pessoas ou clientes. O público, por sua vez, pode fazer compras rápidas e sem precisar sair de casa, bastando um clique.


LIKE$

A boa desenvoltura nas redes sociais pode suscitar o brechó e aproximar os clientes. Em São Paulo, o I Need Brechó , inicialmente físico, popularizou-se na internet usando o Instagram como ferramenta de trabalho. Em entrevista, a empreendedora e proprietária, Stheffany Wendy, explica sobre sua página.


“Eu usava meu Instagram pessoal para postar fotos de algumas peças que estava desapegando e combinava a entrega nas estações de metrô. Algum tempo depois, as pessoas estavam me procurando e pedindo por mais roupas, então decidi alugar um espaço para expô-las e criei o perfil oficial da loja”. Até novembro de 2018, a página contava com cerca de 60 mil seguidores.


Sobre as redes, Wendy ressalta o uso para fins de divulgação mais do que para vendas:


Alguns looks específicos são postados para venda, mas a maioria das publicações são de peças garimpadas, araras ou expositores. A intenção é convidar as pessoas a conhecerem a loja


Dessa forma, a partir do post, o cliente pode reservar a peça via direct e fazer a retirada na loja, ou ainda, escolher a opção de envio por correio.


A estilista acredita que o público da internet é acolhedor a novas propostas de estilo de vida saudável.


A nova geração é mais consciente, por exemplo, a comunidade vegana. As pessoas demonstram curiosidade, olham os rótulos para saber a origem das roupas, a marca, o material”. A mesma constata que o público da internet é jovial, enquanto o brechó físico não é segmentado, recebendo desde adolescentes a senhoras.

Por fim, Stheffany Wendy atribui ao brechó a proposta de contar histórias através das roupas:

Eu garimpo peça por peça e tento trazer um sentimento em cada uma delas, um significado. Isso é moda



Seguindo o exemplo de divulgação online, o Capricho À Toa, um dos maiores brechós de grife de São Paulo, está no ambiente virtual em quase todas as plataformas. O site oficial apresenta o perfil da loja, sua história e produtos.


Sessão do Blog Capricho à Toa, no site oficial da loja

O Blog e o canal no Youtube oferecem dicas de moda a partir de peças garimpadas pelo brechó. O Instagram (88,6 mil seguidores) e o Facebook, com posts curtos, falam a respeito de promoções e eventos realizados pela empresa e no universo da moda. Isso mostra que não usam o ambiente digital apenas para divulgar produtos, mas também compartilhar conteúdos específicos que ajudam a vender suas peças e acessórios.


Fotos por Amanda Matos

Algumas das peças e acessórios do Capricho À Toa


NO “CORPO” DO POVO

Os consumidores de brechó têm se adaptado às compras online. Em pesquisa de campo realizada no Instagram e Facebook pela equipe do Jornal Digital Anhembi Morumbi, foi evidenciado o perfil do público dos bazares virtuais. Segundo o levantamento, dentre 147 participantes, 126 são mulheres jovens.



As motivações para o consumo dividiram-se entre o baixo custo, o consumo consciente e a exclusividade das peças, respectivamente. Alguns ainda demonstraram interesse pelo baixo custo aliado ao bom estado das peças, ou peças “especiais”, como peças de época, para ocasiões específicas.


Na hora da compra, as pessoas ainda preferem o bom e velho “provar para comprar” com 84,4% dos votos contra 15,6% que optam pela praticidade de comprar online.


Quanto as compras feitas, a pesquisa aponta que a confiança é depositada em sua maioria em sites oficiais (74,1%), seguido de páginas do Facebook e Instagram.


Dentre os dois brechós abordados, I Need e Capricho À Toa, os dois aparecem em alta no conhecimento do público, acompanhados de outros brechós de SP, como o Enjoei.


DEPOIMENTOS DE CONSUMIDORES DE BRECHÓS

Para Giovanni Coutinho, estudante e participante da pesquisa, os brechós possibilitam mais variação de estilo do que lojas convencionais. “Por exemplo, a onda vintage está voltando à moda, e nos brechós tais peças estão sempre disponíveis e são originais. Isso as tornam únicas”.


Além disso, ele alega que por causa da correria diária e falta de paciência, a procura por roupas em lojas físicas é facilitada pelos sites. “Nos sites e outros canais de venda online, é possível filtrar sua pesquisa para encontrar a peça específica que deseja. Dessa forma, se gasta menos tempo procurando pela peça, sem falar nos cupons de desconto e promoções que os sites oferecem”.


A amante de moda e estudante, Izabela Valdovino (18), aspira o consumo em brechós. Para ela trata-se de uma mão de via dupla: “Os brechós online facilitam o nosso contato com as roupas. Nós as vemos através de fotos e podemos tirar dúvidas por ali mesmo. Além disso, são dadas dicas sobre composição de looks, tendências e responsabilidade quanto ao consumo”.


Da mesma forma, ela credita aos clientes grande parte da divulgação e feedback da loja. “Costumamos postar em nossas próprias páginas a nossa aquisição e marcar a loja na qual a compramos. Isso é uma forma de demonstrar satisfação como cliente e indica-la aos outros”.


A respeito dos brechós, Valdovino destaca:

“Eu acho legal o sistema de troca de roupas e interação entre as pessoas. Com a constante mudança de ideias, as pessoas tendem a variar seus próprios estilos e gostos. Por isso, peças consideradas ultrapassadas para uns, são reaproveitadas e cabem na vida de outros"

 
 
 

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